
O Impacto Direto da Cigarrinha na Produtividade e Custo da Produção Leiteira
A safra de milho para silagem já está em pleno andamento no mês de outubro, com os produtores tendo colocado as sementes no campo, iniciando a fase de surgimento de problemas com pragas e, consequentemente, a necessidade de aplicações de controle. Matheus de Mello Ribeiro, Analista Técnico do Setor Agronômico Negócios Leite, discutiu as pragas mais preocupantes e as estratégias de manejo durante o Momento Técnico Castrolanda. O analista destacou que, embora várias pragas possam causar problemas, algumas são mais prejudiciais que outras. A principal praga que vem à mente é a cigarrinha (um inseto pequeno e branco), que tem afetado cada vez mais as áreas de plantio nos últimos anos. Outras pragas relevantes incluem a lagarta do cartucho, que preocupa em várias fases do milho, e o percevejo, que pode ser um problema dependendo do ano. Geralmente, no início da safra, a incidência de pragas tende a ser maior, pois o milho pioneiro no campo se torna o alvo inicial. A cigarrinha em si não é o problema principal, mas sim o vírus que ela carrega. Ao sugar a seiva do milho (geralmente no cartucho ou entre as folhas), a cigarrinha contaminada transmite o vírus, causando o que é conhecido como complexo do enfesamento. A contaminação ocorre quando a planta ainda é pequena, mas os sintomas são percebidos mais tarde. Esses sintomas incluem o aspecto enfesado, folhas com riscas vermelhas ou amarelas, porte pequeno, espigas deformadas sem grão, e o risco de a planta tombar com o vento. Todos esses danos são muito prejudiciais, resultando em uma significativa redução na produção e na qualidade da silagem. Para o controle dessas pragas e para garantir uma boa silagem, o manejo envolve diversas frentes: 1. Escolha do Híbrido: Deve-se optar por materiais que possuam resistência às doenças do enfesamento, pois materiais sensíveis sofrerão danos mesmo com aplicações. 2. Saneamento: É crucial eliminar os restos de milho entre uma safra e outra para evitar que a cigarrinha se hospede nessas plantas. 3. Monitoramento e Aplicação: Após o plantio, o monitoramento da lavoura é essencial para avaliar a necessidade de intervenção. Quanto maior a população da cigarrinha, maior será a carga de doença e o prejuízo. 4. Produtos: Os produtos químicos incluem princípios ativos como o acefato (principal) e a bifentrina, além da possibilidade de combinar com produtos biológicos. O objetivo é reduzir a população, pois acabar com ela 100% é quase impossível. A quantidade de aplicações varia conforme a pressão da praga e a resistência do milho. O prejuízo causado pela cigarrinha tem um impacto direto e significativo na produção de leite. O milho enfesado reduz drasticamente a produtividade. Essa redução atrapalha o balanço forrageiro da propriedade, frequentemente já apertado, aumentando os custos de alimentação. Além disso, a qualidade do milho atacado diminui, resultando em menos amido e mais fibras, exigindo adaptações na dieta dos animais e gerando mais gastos. Em relação à infestação atual, Matheus de Mello Ribeiro observou que este ano, assim como no ano passado, há uma menor pressão da cigarrinha. Isso pode ser explicado pelas fortes geadas que ocorreram no inverno. As geadas destroem os pés de milho remanescentes no campo, deixando o inseto sem alimento e diminuindo sua população para a safra seguinte. Contudo, o alerta é que, à medida que o ano avança e o calor aumenta, a população tende a crescer. Por isso, o produtor não deve "baixar a guarda", mas sim continuar monitorando e intervindo quando necessário, garantindo assim uma boa produção de leite ao longo do ano.
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1 Antena entrevista com Matheus de Mello Ribeiro, Analista Técnico do Setor Agronômico Negócios Leite - Qualidade da Silagem e a Produção de Leite 15 horas atrás
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